Neste momento difícil de uma nova pandemia viral a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) vem reiterar as recomendações da Organização Mundial da Saúde/OMS, especialmente para as crianças, adolescentes e suas famílias.
Todos estamos vivenciando novas mudanças de como trabalhar, estudar, nos relacionar e brincar, principalmente em casa devido à importância do isolamento e distanciamento social, como medida principal de prevenção, além dos cuidados de higienização, lavagem de mãos mais frequente e o uso de máscaras ao sair às ruas.
Em geral, antes, os pais tinham que terceirizar o tempo de seus filhos, com todos trabalhando fora, mais os tempos de estudos e permanência em creches, escolas, universidades. Agora, pais e filhos passaram a conviver 24 horas por dia, com a formação de novos núcleos familiares, muitas vezes, afastados dos avós. Num país com a estimativa de 200 milhões de habitantes, temos 65 milhões de crianças e adolescentes, o que corresponde a 34% da população e onde há muitas diversidades sociais e econômicas, e assim necessidades diferentes de cuidados de saúde para se adaptar a esta nova situação.
Diante da pandemia da COVID-19, o uso do mundo digital oferece muitas alternativas de tecnologias ao alcance de quase todos. Um momento importante para se multiplicar o uso positivo e mais saudável, e a tornar uma ferramenta mais utilizada para buscar soluções das limitações impostas por estes novos tempos. Desta forma os trabalhos, as aulas, as compras de alimentos, os relacionamentos, os divertimentos e até algumas consultas médicas estão sendo realizadas através das telas.
Este novo modelo de relacionamento entre pais e filhos, tem mostrado novas construções comportamentais muito positivas, mas ainda também, na presença de outros problemas, onde o medo, as angústias e o estresse da reclusão podem provocar transtornos de ansiedade e depressão, e atos de violência física e psíquica. Esta doença viral vai durar algum tempo, até a aquisição de vacinas e/ou tratamento medicamentoso específico, e estes reflexos de tantas incertezas são imprevisíveis.
Estamos no começo de uma nova experiência do uso constante e quase ininterrupto do mundo digital, temos que ter algumas referências para analisar esta abordagem. O uso pela nossa população é diferente de outros países não só pela tecnologia, mas também pela abrangência quase que continental, e diferenças sociais, então as nossas diretrizes têm, que ter um enfoque nacional, ser flexível e com visão de nova avaliação num curto período de tempo.
Muitas pessoas vão mudar seus comportamentos, tanto de maneira positiva como negativa, pois o mundo digital é só um reflexo ou espelho da realidade e pessoas que produzem fakenews, pedófilos e perversos vão continuar podendo lucrar com seu poder de destruição e até aumentá-lo. Por isso os alertas e recomendações da SBP em documentos já publicados em 2016, 2019 e 2020 precisam ser consultados.
Neste momento passou-se a usar o mundo digital com mais frequência, quase de modo constante e com um papel funcional e afetivo importante.
O uso das telas para o desempenho das tarefas escolares, para aulas, pesquisas e compras à distância é muito importante, como também o uso afetivo para assegurar a presença mesmo que virtual entre avós, netos, filhos e seus colegas.
O uso escolar tem várias formas educativas de avaliação desde a qualidade do conteúdo acadêmico, as relações afetivas com seus pares e como a única porta de pedir socorro da violência doméstica.
O mundo está mudando, não sabemos de que forma vai ficar. E o mundo digital ficará então dividido em: antes da COVID-19, durante o período da quarentena e após a quarentena.
Diante disto, algumas sugestões para este momento de quarentena:
Grupo de Trabalho Saúde na Era Digital
Coordenadora: Evelyn Eisenstein
Membros participantes: Susana Estefenon, Marco Chaves Gama,
Suzy Santana Cavalcante, Eduardo Jorge Custódio da Silva
Texto original retirado integralmente do site: www.sbp.com.br/documentoscientificos/