Em algum momento durante o desenvolvimento da criança é super possível se deparar com situações em que criar verdadeiras obras de arte com o prato de comida, fazer aviãozinho ou cantar cantigas sobre comida, não é mais o suficiente para fazer com que o pequeno se interesse pela refeição.
Não é fácil, manter a calma e não se frustrar nessa situação. Isso porque, apesar da recusa alimentar ser uma das principais queixas em consultas pediátricas, essa situação sempre gera imensa preocupação e frustração nos pais quanto ao desenvolvimento saudável do pequeno e quanto a como contornar essas situações
Antes de mais nada, é importante saber que essas oscilações na aceitação dos alimentos pelos pequenos são normais e fazem parte do processo de aquisição de autonomia do pequeno, e que, na maioria das vezes, ocorrem apenas porque eles estão começando a se socializar e a explorar o mundo, o que acaba fazendo com que deixem a comida em segundo plano, tendo em vista o mundo interessante e curioso que eles geralmente tem que deixar de lado durante às refeições.
Costuma ser por volta de 1 ou 2 anos que nota-se essa “dificuldade” com a alimentação.
Diversos motivos podem estar por trás disso e a postura da família ao encarar essas situações pode ser determinante para obter resultados positivos ou contrários, colaborando inclusive para que o pequeno tenha uma boa relação com a comida na vida adulta.
Para ajudar a passar por essas situações, seguem seis dicas fáceis de incorporar na rotina dos pequenos, facilitando assim os momentos de interação na mesa:
1- Crianças que têm mais dificuldade para comer costumam se alimentar um pouquinho de cada vez ao longo do dia todo. Criar horários fixos para cada refeição é importante para que o pequeno não crie o hábito de buscar algo para mastigar a qualquer momento.
Estabeleça horários fixos para almoço e jantar e os lanchinhos da manhã e da tarde. Se possível mantenha esse ritmo inclusive durante as férias e fins de semana.
2- Não use a aquele bocado extra como moeda de troca, nem utilize distrativos. Engolir não é a principal meta. Manter a atenção no momento da refeição é importante para que perceba quais alimentos o pequeno tem mais afinidade e para que ele tenha consciência do que está recebendo. Engolir a comida diante de uma tela, sem saber exatamente o que está no prato, não colabora para um bom vínculo com as refeições. Tenha preferência por um lugar tranquilo, sem o barulho da TV ou outras telinhas por perto e sempre que possível coma em família. Os pais também devem dar o exemplo quanto a distrações, mantendo telefones longe da mesa e procurando interagir entre si e com os filhos.
3- Estimule a autonomia do pequeno despertando o interesse dele pela comida. Convide-o para participar da compra dos ingredientes que irão compor o cardápio da semana, peça ajuda para selecionar os legumes, inclua-o no preparo dos alimentos peça para lavar, separar e misturar os ingredientes, respeitando a fase de desenvolvimento em que ele se encontra. Deixe-o se servir, comer junto com a família, além de sentir o cheiro, a textura e a consistência da comida. Engolir é a última etapa da aceitação alimentar, e não a mais importante delas.
4- O momento da refeição é um evento importante e deve ser tratado com a devida importância. Ele envolve afeto, conversas, tempo, sendo muitas vezes um dos poucos momentos em que todos da família conseguem estar reunida compartilhando uma atividade. As vezes só é preciso tornar a situação mais atrativa e agradável para despertar o interesse dos pequenos. Mude a forma de apresentação dos pratos e torne o ambiente em que vocês comem alegre. Algumas crianças se interessam por ter ter algo especial, um utensílio diferente, um ritual ou um lugar especial a mesa. O crucial é que, durante as refeições, a família faça comentários positivos e reforce a importância da alimentação saudável e variada.
5- É comum que crianças se recusem a provar àquilo que não estão acostumados, ou rejeitem alimentos simplesmente pela cor, textura, sabor, aspectos ou cheiro, deixando os pais em desespero, fazendo com que ofereçam guloseimas, massas, processados ou qualquer outra comida não tão saudável que pareça interessante e irrecusável. Não tente aumentar as chances de aceitação com alimentos de fácil mastigação, calóricos e processados. Faça uma auto-avaliação para ver se não está disponibilizando lanchinhos e guloseimas que possam estar ocupando o espaço do arroz, feijão, ovo, salada, verdura e bife.
6- Ao colocar um alimento novo à dieta do pequeno, simplesmente coloque a comida no prato sem ficar dando muitas explicações ou chamando atenção para a novidade, apresentando uma comida nova de cada vez e em pequena quantidade ao invés de montar uma refeição inteira com alimentos desconhecidos. Sirva aqueles que mais o agradam junto com algum alimento novo quando você sabe que a criança está com fome. Alias, é importante que o alimento seja apropriado para a idade da criança.
A melhor forma de saber se ele está se alimentando de forma suficiente é verificar se ele está crescendo e engordando o satisfatoriamente em cada consulta no pediatra, que deverá acompanhar e estar ciente de todo o processo e dificuldades enfrentadas durante a alimentação do pequeno.