A ciência pela reabertura das escolas

Nós pediatras, reconhecendo atentamente o momento complexo em que estamos e a discussão urgente sobre o lugar das crianças e da escola na pandemia, consideramos crucial que algumas informações já consagradas cientificamente sejam bem divulgadas.
Listamos abaixo os pontos mais críticos e enviamos a seguir alguns dos tantos artigos que embasam estas informações:

– As crianças se infectam menos do que os adultos, 2 a 5 vezes menos. O risco de se infectar é menor quanto mais jovem a criança.
– São muito raras as complicações nessa faixa etária, representando apenas 0,6% dos óbitos (sendo as crianças 25% da população nacional).
– Para as crianças, a exposição a COVID-19 as coloca em risco muito menor do que a exposição ao vírus influenza. E as escolas não fecharam nos últimos surtos de gripe.
– Apesar do que se supôs no início da pandemia, as crianças não são super-spreaders.
– A grande maioria das crianças é assintomática ou apresenta sintomas leves, principalmente os mais novos. E desta forma, transmitem ainda menos.
– As escolas, seguindo os cuidados indicados, não são locais de maior infecção. A experiência europeia provou enfaticamente isso.
– Com as medidas de prevenção, a escola é segura para os professores e funcionários.
– A exposição a crianças pequenas inclusive se provou um fator de proteção contra o novo coronavírus.
– No Brasil, as crianças se infectaram mais em casa através dos próprios familiares expostos do que na escola.

✔️Sobre vacinação na faixa etária pediatrica:
Até o momento os testes clínicos da maioria dos laboratórios contemplaram adolescentes. A vacina produzida pela Universidade de Oxford e AstraZeneca incluiu crianças entre 5 a 12 anos. No Brasil, entre os testes clínicos autorizados pela ANVISA, a faixa etária dos testes clínicos é a partir de 16 anos.

O tempo da pandemia já é e seguirá longo. Agora temos que refletir sobre seus impactos a curto, médio e longo prazo. Sejamos justos com a infância e comprometidos com o futuro de todos.

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Referências bibliográficas:

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-Agência Nacional de Vigilância Sanitária www.gov.br/anvisa/pt-br

Texto redigido por Grupo de Pediatras de São Paulo.

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